Fundador do Boi de Santa Fé é homenageado no Arraial da Cidade, na Praça Maria Aragão
Secom
O fundador do Boi de Santa Fé, José Jesus Figueiredo, o Mestre ‘Zé Olhinho’, ganhou uma homenagem especial, na noite de sexta-feira (16), durante a programação do Arraial da Cidade, organizado pela Prefeitura de São Luís na Praça Maria Aragão (Beira-Mar).
O cantador compositor de toadas, nascido no município de São Vicente de Férrer, completou 80 anos de vida, dos quais 60 dedicados ao grupo folclórico sotaque da Baixada e que está há 35 anos abrilhantando o São João do Maranhão.
José Jesus Figueiredo tem uma trajetória de luta e sacrifício. Ele trabalhou arduamente em diferentes atividades do campo, como a pesca. Além disso, foi ajudante de pedreiro e garçom. O amor pela brincadeira, que herdou do pai, sempre o acompanhou e tudo o que aprendeu passa às novas gerações.
Antes do trabalho junto ao Boi de Santa Fé, Mestre Zé Olhinho iniciou sua jornada nos arraiais do Maranhão, ainda nos anos 1960, influenciado pelo amo, cantador e compositor João Câncio, no Boi de Pindaré. Foi lá que ele compôs as primeiras das centenas de toadas do seu repertório. Olhinho tem feito do bumba meu boi sua profissão, à qual se dedica o ano inteiro.
A homenagem foi organizada pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (FUMPH) e da Secretaria Municipal de Cultura. Estavam presentes a vice-prefeita, Esmênia Miranda, representando o prefeito Eduardo Braide; o secretário municipal de Cultura, Marco Duailibe, e a presidente da FUMPH, Kátia Bogéa, que chorou durante a homenagem.
“Aprendemos que as melhores homenagens devem ser prestadas em vida. E é uma honra para a Prefeitura de São Luís homenagear esse mestre da cultura popular maranhense”, disse Esmênia Miranda.
Legado
O secretário municipal de Cultura, Marco Duailibe, salientou a grandiosidade do legado de Zé Olhinho para a cultura popular maranhense.
“O olhinho é pequeno, mas o talento é gigantesco. É um legado de muita criatividade que merece todas as nossas homenagens”, frisou.
Kátia Bogéa, que é madrinha do Boi de Santa Fé, se emocionou e chorou. “Eu lembro de quando estávamos à frente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e lutamos para que o Bumba Meu Boi se tornasse Patrimônio da Humanidade, e conseguimos. Um ato como este mostra a força e a importância dessa manifestação cultural para o Brasil. Zé Olhinho nos deu tanto e a homenagem desta noite é muito pouco diante do que ele realmente representa”.
Zé Olhinho, que ganhou esse nome por causa dos olhos pequenos, ficou bastante emocionado e agradeceu citando pessoas que foram importantes para o seu trabalho à frente da manifestação folclórica.
“Agradeço a Deus, que me dá forças para desempenhar as minhas atividades, e à família Santa Fé, pois sem ela eu não sou nada. Agradeço à Prefeitura de São Luís por esta homenagem na pessoa da vice-prefeita, Esmênia Miranda, da presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico, Kátia Bogéa, e do secretário municipal de Cultura, Marco Duailibe", disse.
O cantador e compositor fez, também, referência a pessoas que foram importantes em sua história de luta em prol da cultura do bumba meu boi.
"Como João Câncio, José Raimundo Rodrigues, Zelinda Lima e Roseana Sarney, pessoas as quais eu não poderia deixar de citar aqui. Gostaria de dizer, ainda, que muitos baluartes da nossa cultura não tiveram o reconhecimento que eu estou tendo. Por essa razão, esta homenagem é muito importante para mim. Muito obrigado!”, agradeceu Zé Olhinho.
O Boi de Santa Fé, comandado por Zé Olhinho, é um dos mais belos do Maranhão. O batalhão é embalado por matracas e pandeiros pequenos, tendo como destaque a personagem cazumbá, mistura de homem e bicho que veste uma bata comprida, máscara de madeira e diverte os brincantes e o público com um chocalho na mão. Alguns usam chapéus de vaqueiro com penas de ema.
